sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Erótica é a Alma.


Devemos cuidar mais da alma, a viajar pro interior, a descobrir o que nos completa. 


Pois se os olhos são as janelas da alma, de que adianta levantar pálpebras se descortinam um olhar de súplica?

Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. 
Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios; erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. 
Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.
Porque não adianta sex shop sem sex appeal; bisturi por fora sem plástica por dentro; lifting, botox, laser e preenchimento facial sem cuidado com aquilo que pensa, processa e fala; retoque de raiz sem reforma de pensamento; strip-tease sem ousadia ou espontaneidade.
Querendo ou não, iremos todos envelhecer - faz parte da vida. 
As pernas irão pesar e a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. 
A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos  se você permitir.
O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior e tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. 
Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte pra suportar.
Não tem problema cuidar do corpo. É primordial ter saúde e faz bem dar um agrado à auto-estima. O perigo é ficar refém do espelho, obcecado pelo bisturi, viciado em reduzir, esticar, acrescentar, modelar. Até plástica íntima andam fazendo! 

Aprenda: 
Bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.

Vivemos a era das emergências. 
De repente tudo tem conserto, tudo se resolve num piscar de olhos, há varinha de condão e tarja preto para sanar dores do corpo, alma e coração. 
Desaprendemos a valorizar aquilo que é importante, o que é eterno, o que tem vocação de eternidade. 
E de tanto lustrar a carapaça, vivemos a "Síndrome da Maça do Amor": Brilhantes por fora e podres por dentro. 


O tempo tornou-se escasso, acreditamos que "perdemos tempo" quando lemos um livro inteiro, quando passamos horas com nossos filhos, quando oramos ou viajamos com a família. E nos iludimos achando que poderemos "segurar o tempo" cuidando da flacidez, esticando a pele, preenchendo espaços.
Cuide do interior. 

Erotize a alma. 

Enriqueça seu tempo com uma nova receita culinária, boas conversas, um curso de canto ou dança. 
Leia, medite, cultive um jardim. 
Sinta o sol no rosto e por um instante não se preocupe com o envelhecimento cutâneo. 
Alongue-se, experimente o prazer que seu corpo ainda pode lhe proporcionar. 
Não se ressinta das novas dores, da pouca agilidade, dos novos vincos. 
Descubra enfim que a alegria pode rejuvenescer mais que o botox. 
E não se esqueça: 
Em vez de se concentrar no lustre da maçã, trate de aproveitar o sabor que ela ainda é capaz de proporcionar...

Eliane de Pádua
padua.eliane@gmail.com


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